domingo, 22 de maio de 2011

Um Mito, uma verdade...


Várias vezes enquanto eu participava de corridas escutava o nome de uma Atleta de Florianópolis que despontava entre as melhores do Brasil em corridas de longa distância, por vezes até a vi ganhando provas (http://portaldeurubici.com.br/noticias-de-urubici/atleta-de-florianopolis-confirma-favoristismo-no-5%C2%B0-desafrio-urubici/#more-189), era K42 bombinhas, era prova da Patagônia, era corrida da Lagoa de taquaral, etc...

DÉBORA SIMAS, este nome ecoava em minha mente como um ser saído de alguma estória em quadrinhos, alguma super-heroína que eu não sabia de onde tirava tanta força para competir e ganhar ULTRAMARATONAS pelo Mundo afora. (http://webrun.uol.com.br/maratona/n/brasileiros-sobem-ao-podio-da-maratona-k42-patagonia-/10262)

No final no ano passado, ela se juntou ao nosso grupo de corridas e então pude ver mais de perto essa heroína.

Na maioria das ocasiões em que um fã se aproxima de um herói corre o risco de perder um pouco daquela magia que envolve seu ídolo, por vezes penso que é melhor manter uma certa distancia para que não se perca aquela imagem etérea e sublime do Mito.

Mas, na prática aconteceu o contrário.

Às vezes me pegava olhando para esta gladiadora tentando imaginar do que era feita, o que come uma heroína? Como dorme? Como vive?

Eu sempre pensei que esses heróis Ultra maratonistas deviam contar com uma Estrutura gigantesca de apoio, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, etc. E que com certeza deviam ter todo o tempo do mundo para treinar e descansar e se dedicar 100% ao mundo esportivo.

Mas no caso da Débora não é o que descobri, certo dia tive a oportunidade de ver a Débora fora das pistas e dos treinos, fui pegar um equipamento para correr uma prova em uma academia e na lanchonete eu vi uma mulher correndo de um lado para o outro freneticamente, atendendo aos pedidos de todos os clientes, mãos ágeis no manuseio das máquinas de suco, bandejas, copos, uma verdadeira loucura! De repente aquele corpo franzino se vira em minha direção e visualizo minha heroína, ela me reconhece e solta aquele sorriso inconfundível.

Naquele instante, todas as minhas teorias sobre os Ultra tinham caído por terra e ao contrário do que supunha, minha admiração pelo mito só aumentou, que estrutura o que? Vida de Ultra é dura!

Ela além de desafiar os limites do corpo em provas de mais de 200 km ainda tinha que dedicar o seu tempo a uma atividade extremamente extenuante e exaustiva.

E eu reclamando que tinha trabalhar e treinar, e que isso me fazia não ter chances se comparado aos atletas profissionais que viviam o esporte 24 hs por dia!

Na verdade, ela sofre do mesmo problema que enfrenta o esporte nacional, total falta de apoio! Faz tudo sozinha! No peito e na Raça! Coisa que só os heróis conseguem fazer!!!

E para fixar mais ainda seu lugar no “olimpo”, além de enfrentar seus desafios pessoais, minha heroína ainda encontra tempo para se entregar de corpo e alma a um projeto social, ao invés de pedir apoio para competir, ela usa seu tempo livre (se é que tem algum) para buscar recursos para uma entidade que acolhe e ajuda crianças vítimas de abuso sexual (http://www.sprintassessoriaesportiva.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=241:debora-simas-volta-a-ilha-e-casa-lar&catid=40:noticias&Itemid=57).

Atitude digna de um herói, de um Mito, de uma Deusa!

Deus abençoe essa alma e a proteja para continuar conquistando seus objetivos pessoais e ajudando cada vez mais esses seres tão sozinhos e indefesos.

Abraços

Marcos Alexandre

segunda-feira, 2 de maio de 2011

VOLTA A ILHA 2011, ENFIM...


Eram 4 hs da manhã, o despertador tocou e num sobressalto pulei da cama e comecei a me arrumar para mais uma corrida de revezamento “Volta a Ilha”, não tinha o mesmo nervosismo das primeiras vezes, a mochila já tava lá prontinha na sala, com tudo o que era preciso pra competição, rotina mantida para não arriscar ter problemas digestivos no café da manhã, mas tinha algo de diferente nessa edição e naquela hora da madruga Eu era incapaz de descobrir.

As 5 e 20 h já tava lá na largada, encontrei a equipe na Van, todos empolgados, mas, ao mesmo tempo, apreensivos, a ROSÉLIA já tava aquecendo há umas 02 horas!

PUMA chegou depois e se juntou a nossa trupe, quando as 6:15 h pontualmente nossa turma iniciou o desafio de correr 150 km no menor tempo possível, sem cometer erros e com uma logística azeitadíssima.

Aos poucos o dia foi amanhecendo, o sol foi saindo forte e o clima esquentava, a medida que cada um chegava do seu trecho uma certa dúvida se abatia sobre minha mente: - Será que vou dar conta do recado? Será que vou manter o nível dessa equipe? Afinal dizem por aí que estamos em 2º ou 3º, ai, ai, ai que medo!!!

Meu trecho era o 06, saindo do Posto ESSO JURERE e indo para Daniela e depois subindo as trilhas da “Praia do Forte” até o Posto 7, nunca tinha feito esse trecho e não sabia como era a trilha e muito menos a tal “Pedra da Bunda”, sabia apenas que teria 03 km de asfalto antes de enfrentar as subidas, então tratei de socar a bota no inicio e fiz uma média inédita pra mim , abaixo de 4 min/km até chegar na trilha e dali em diante a média foi pras “cucuia” e o coração veio à boca, pensei em caminhar, mas não podia...não podia decepcionar minha galera eu tinha que correr, mesmo que fosse morro acima e mesmo com as panturrilhas querendo “empedrar” corri até o Portal, quando entreguei o “bastão” pro LUCHI e dei uma xingadinha no CASSIANO por não ter água pra mim! POW CASSI!!!

Fechei em 22 min, média de 4:35 min/km!

Nada mal! Mas tava longe dos temporais que a turma vinha fazendo nos trechos anteriores.

Com o passar dos trechos fomos visualizando que estávamos brigando com mais umas 02 ou 03 equipes por um lugar no pódio e isso me fez sentir mais angustiado ainda, a toda hora o LUCHI dizia – Marcos...O RODOLFO tá forte lá na outra equipe, acho que ano quem vem teremos que deixar a equipe competitiva!

O trecho 14 tava chegando e lá estava eu mais uma vez apreensivo por correr mais um trecho desconhecido, sabia que iria pegar a Areia fofa da Praia do MOÇAMBA e que depois tinha um pedacinho de trilha e nada mais.

Uns diziam que eu deveria correr descalço, outros pra correr na parte de cima da praia, outros diziam que era arriscado correr na trilha sem a proteção do Tênis... Isso só me deixava mais nervoso ainda!

Enfim chegou a minha hora e como num cena de filme eu só tive tempo de ver o PUMA saindo do meio de uma trilha e pulando felinamente na areia da praia pra me entregar o “bastão” e eram exatos 12 hs e 16 min , sol a pino, e lá fui eu afundar as passadas na areia fofa, senti que se quisesse “render” mais naquele terreno movediço deveria mudar o estilo de pisada e comecei a pisar com a parte anterior do pé e de forma freqüente e curta. Deu Certo! Percebi que tava indo mais rápido do que os demais competidores que foram ficando para trás, uns já caminhando outros se arrastando, passei um bocado de gente e ninguém me passou naqueles 25 min finalizados com um curto trecho de trilha de raízes e folhas.

A média ficou mais alta e fechou em 5:09 min/km, mas quem disse que naquele trecho alguém podia chamar aquilo de corrida????


Ali terminava a minha angústia! Tinha feito os meus dois trechos e agora minha tarefa era dar apoio e ajudar o MARCOS FIORENTINI e OSVALDO na logística.

Logística que se mostrou vital na prova de ontem, em um dos trechos testemunhei uma cena desoladora o corredor da equipe que liderava chegou voando pra entregar o bastão pro seu companheiro de equipe, mas quem disse que ele estava lá?! Foram aproximados 5 minutos de berros desesperados, alguns palavrões e quando não mais via chances de ver seu colega chegar partiu sozinho pra fazer o trecho seguinte, dobrando os trechos, e isso se mostrou mais a frente decisivo no resultado final da competição.

Enquanto isso nossa equipe (nº 54) cumpria seus trechos sem atropelos e aos poucos mais e mais pessoas vinham nos “sondar” para saber como estávamos e tal... Senti que podíamos realmente conquistar um lugar no sonhado pódio!

Ainda tínhamos CASSIANO, PUMA, EDGAR, LU E FIORENTINI pra fechar e esses 5 eram muito fortes e com muita garra poderiam nos manter entre os 5 primeiros colocados.

Enfim chegamos ao último trecho e quando o EDGAR entregou o bastão pro PORTUGA o dia ainda era claro e eu não me recordo de ter finalizado nenhuma VOLTA A ILHA com a luz do dia, exatamente as 17:32 H cruzamos a linha de chegada, e era dia ainda! Estava Claro! Era claro que tínhamos feito uma prova de “gente grande” , mas será que conseguimos??????

Naquela hora nada mais importava, mas, todos sabíamos que tínhamos feito bonito e quando nos abraçamos as lágrimas correram em todos os olhos sem exceção, foi lindo!

Final com direito a “espoucar” de Champã, Bohemias e Antárcticas.

11 horas e 17 minutos!

No dia seguinte não foi o despertador que tocou, mas sim o toque do meu celular, e do outro lado da linha a voz calma e firme da SABINE me pedindo desculpas pela ligação matutina e ao mesmo tempo me dando a notícia que eu esperei por mais de 10 anos: - CONSEGUIMOS! FICAMOS NO PÓDIO! CHEGAMOS EM TERCEIRO LUGAR!!!

Não me contive em alegria e mal desliguei o fone e já estava pronto uniformizado e com minha companheira e esposa, PRI, e nossa mais nova parceira, MANOELA, para irmos todos juntos ao hotel Majestic para receber o troféu tão almejado!

Já finalizei um IRONMAN e isso não tem preço, mas venho correndo há mais de uma década e NUNCA havia ganho um troféu sequer e quando eu menos esperava eu estava lá no alto do Palco montado no saguão do Hotel , com os braços estendidos empunhando um belo troféu ao lado de meus companheiros de equipe e de nosso Treinador PAULINHO (Que belo trabalho hein!!!!), nessa hora passou um filme em minha mente desde o dia em que corri meus primeiros sofridos 200 metros, os treinos, as dores, os sacrifícios, os temores, as alegrias e enfim eu tava ali , parecia sonhar acordado, que emoção!

Mas nada seria possível sem VOCES, trabalho em equipe, sincronia , parceria , amizade e foco! Obrigado ROSÉLIA, LUCIANE, VANESSA, CASSIANO, PUMA, LUCHI, MARCOS FIORENTINI E EDGAR vocês me ajudaram a realizar esse SONHO!

Obrigado OSVALDO pela paciência e destreza no Carro de apoio!

Obrigado PAULINNHO e SABINE!

Obrigado Equipe “PRINT participação” pelo ótimo “coelho” que fizeram para nós, MARTA, JÔ, EDU, CLAUDIO, RODOLFO, WLAMIR, LEO, DÉCIO, VICTOR, XANDE e ATÍLIO!

Obrigado PRI e MANOELA por me inspirarem, MANOELA esse troféu é teu!

Obrigado meu Deus por me dar saúde e tenacidade para poder desfrutar disto junto da natureza e de pessoas tão especiais.

ABRAÇOS

MARCOS ALEXANDRE